CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA
HIPERCONECTADOS, HIPERDESATENTOS
A internet é só uma das possibilidades que o homem contemporâneo tem para viver milhões de “práticas”, às quais o homem médio de mil anos atrás não tinha acesso algum. Nosso cérebro é maciçamente remodelado por tal exposição – mas também pela leitura, televisão, videogames, eletrônica moderna, música contemporânea, “ferramentas” contemporâneas etc. Michael Merzenich
Norman Doidge, autor do interessante O Cérebro que se transforma, disserta sobre a plasticidade cerebral, nos orientando na direção do conhecimento da capacidade de adaptação pelas quais passamos, tendo como base as múltiplas experiências que vivenciamos todo o tempo.
Neste bojo, incluímos a cultura que nos rodeia. Na cultura, tem a internet que nos assalta todo o tempo, nos modificando, ao forçar uma adaptação constante, sem chance de escapatória.
Mas, como já vimos em outras conversas psicanalíticas, devemos ser vigilantes. Fazer parte de uma cultura não significa se render a tudo, da maneira como ela nos apresenta. Veja um dado que nos elucida muitos questionamentos: a televisão é um aparelho que faz parte da nossa cultura. Um estudo com 26 mil crianças mostrou que a exposição precoce a este aparelho pode trazer problemas futuros. Por exemplo: se crianças de 1 a 3 anos estiverem muito expostos a este dispositivo, certamente terão dificuldades em regular os impulsos em uma fase posterior da infância. E tem mais: para cada hora de TV que os bebês assistiam a cada dia, aumentava em 10% a probabilidade de desenvolverem graves dificuldades de atenção aos 7 anos de idade (DOIDGE, 2024).
E preste atenção: a pesquisa está relatando a experiência com televisão. Imagina que o celular tem ainda mais sucesso entre as pequenas pessoas de hoje em dia.
Como Doige (2024) mesmo relata, a televisão, os videogames, clips de música e podemos acrescentar também os celulares, com suas múltiplas oportunidades de entretenimento, desenrolam-se em um ritmo muito mais rápido do que a vida real e pior, estão ficando cada vez mais rápidos, o que leva as pessoas a desejarem ainda mais rapidez nessas mídias. E o que isso significa? Não conseguimos mais lidar com a calmaria, estando constantemente hiperconectados e, consequentemente, hiperdesatentos.
E Doidge (2024,p. 329) acrescenta: “o preço a pagar é a dificuldade crescente em atividades como ler, manter uma conversa complexa ou assistir às aulas”.
Diante do exposto, que sigamos pensando e mudando...
Um grande abraço para você!
Instagram: eduardo_baunilha_psicanalista
Youtube: @conversaspsicanalíticas
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